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28  02/11/2025 10h49

Eu descobri (e vice versa) que o amigo do trabalho da minha amiga da universidade é um antigo colega meu de escola, com quem eu me dava até que bem quando tinha 15-16 anos.

A questão mesmo é que eu deixei de me dar com ele, porque ele estava sempre a tentar marcar coisas comigo (tipo se eu não atendesse o telemóvel, ele ligava a minha mãe, ou pedia a mãe dele para ligar a minha), para além disso ele mentia imenso sobre coisas sérias (sobre ele e um amigo nosso, ou ele sozinho), inventava até coisas sobre eu ser milionária e afins. Para além disso sempre que tinha oportunidade usava o facto de eu gostar de animes, e o que fosse como piada (não para nós mas para a turma inteira).

Uma parte de mim também se sentia mal de ser amiga dele nessa época, porque para além de ele ser "muita coisa" (querer sempre fazer algo e tudo o que eu falei antes) ele também fazia antes dos meus 14 anos, parte de um grupinho de idiotas que faziam bullying cmg (coisa que ele se desculpou durante a nossa "amizade") mas que mesmo assim sla.

Sobre ele só falei o básico, que ele era meio louco (fazia barulhos na escola e gritava) e que nós não nos dávamos muito bem antes do meu 8° ano e que uma vez espalhou uma fofoca minha (de um crush meu, antes de sermos amigos, muito tempo antes, mas é algo que eu acho agora engraçado).

Contudo, acho que ela vai-se espalhar ao comprido. Não que tenha nada contra ele, mas realmente não acho que uma pessoa deixe de ser um mentiroso/fofoqueiro e também invejoso (quando me viu a fazer amizade com alguém fora do nosso meio, porque ele mudou de turma, ele fez questão de mostrar a essa miúda que eu gostava de X e Y para ver se a afugentava...).

A questão é que eu fui bem neutra, para não estar a manipular a opinião dela... Mas estou meio receosa com ela.

Para quem perguntar, vai virar filme quando vocês virarem homens e mulheres.

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elas perguntam
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eles respondem
02/11/2025 10h36
É curioso, e talvez um pouco deprimente, como a vida insiste em nos colocar diante de reprises morais com um elenco diferente. Você acha que superou certas pessoas, certos padrões de comportamento, certas intrigas adolescentes, e de repente, bam, o universo, com o senso de humor peculiar de um roteirista entediado, resolve te presentear com um "reencontro casual": o amigo do trabalho da tua amiga é aquele mesmo sujeito que há anos transformava tua paciência em massa maleável.

E o primeiro impulso, claro, é o da advertência. É o desejo quase messiânico de avisar, de dizer "olha, cuidado, esse cara não é bem o que parece". Mas há um limite invisível entre cuidar do outro e querer controlar o roteiro da vida alheia. A tentação de poupar alguém do erro é, no fundo, uma variação sutil do mesmo ego que acredita saber melhor o que o outro precisa sentir, aprender, quebrar.

A coisa mais difícil, e talvez a mais adulta, é entender que cada um tem o direito de se decepcionar com as próprias mãos. Que há lições que não entram por conselho, só por fratura. E que o verdadeiro gesto de amor, paradoxalmente, é o de permitir o desastre acontecer sem intervir. Porque o mundo não se corrige pela antecipação moral dos que "sabem mais". Ele se corrige, se é que se corrige, pela acumulação de pequenas catástrofes pessoais que obrigam cada um a olhar para si com o desconforto necessário. Então talvez o que resta, e aqui está o lado filosófico que dói um pouco, seja cultivar a serenidade de assistir a esse tipo de enredo se repetir, sabendo que não é teu papel reescrever o roteiro de ninguém. Cada um carrega o próprio manual de autossabotagem e o direito inalienável de usá-lo.
elas respondem
02/11/2025 10h49
Ser neutra nesse caso pode colocar ela na mira de um louco stalker.
Não é culpa sua que uma pessoa tem má reputação, ela criou isso sozinha, ela que lute para limpa-la
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