Não é contraditório, é só o resultado de um país com economia ruim, cultura empreendedora fraca e assistencialismo barato.
O governo cria uma bolha colocando todo mundo na faculdade, quando deveria na verdade colocar as pessoas em cursos técnicos. Faculdade não é lugar de fazer justiça social, é lugar de capacitar quem é bom. Mas nem isso conseguem no Bostil. Destruíram o conceito de faculdade, que se tornou praticamente uma venda de diploma nessas uniesquina da vida.
Esse era um ponto que uns ex-diretores da CAPES e órgãos de financiamento de pesquisa estavam falando numa palestra que estive esses tempos atrás.
A questão não é investir menos na educação, mas também fortalecer a indústria. O Brasil nos meados do século passado capacitou vários pesquisadores no exterior para fundar o que seria a Embrapa. O resultado? O país é extremamente avançado no agronegócio. O problema? Quem se beneficia disso principalmente são os latifundiários.
Investir na pesquisa e inovação favorece o aparecimento de novas empresas e negócios, e esse é um dos caminhos que estão tomando, ao focar mais na interação indústria-academia. Claro, existem pontos questionáveis, por exemplo, como ciências humanas se encaixariam nesse contexto que é claramente focado em engenharia. Mas em questão de industrialização, é importante.
O país precisa focar numa política séria de reindustrialização, esse é o problema.
Também não adianta ficar formando pessoas a torto e a direito se peca na qualidade e nas oportunidades disponíveis no mercado. Há muitas empresas no Brasil precisando de profissionais sim, alguns até trazem profissionais de fora quando exige alta complexidade técnica, mas são profissões pouco incentivadas pelo poder público.
Isso faz me lembrar algo aqui na minha cidade, o governo estadual fez um projeto de dar cursos profissionalizantes a cidadãos de baixa renda, então muitos escolheram operador de empilhadeira, de repente, estourou de gente com curso. Antigamente, se você juntasse uma grana e fizesse um curso de empilhadeira, arruma trabalho rapidinho, mesmo sem experiência. Hoje, aqui, uma cambada de pessoas tem o bendito curso, e dai as empresas precisam aumentar os requisitos para as vagas como, cursos extras, experiência de 1 ano, e etc...etc...
Ou seja, no fim das contas, não adianta o governo ficar distribuindo cursos, se não tiver vagas para suprir essa demanda, só vai forçar as empresas a aumentar as exigências. Hoje em dia, você vê vagas de aux. escritório pedindo até inglês fluente e um monte de baboseira, simplesmente porque o mercado está cheio de profissionais apto a exercer tal vaga.
Tudo isso tem que ser muito bem planejado, não adianta o governo ficar distribuindo cursos e etc... se não vier acompanhando de uma reindustrialização séria, aumento de produtividade e consumo, e geração de emprego... Só vai gerar um monte de gente com diploma e desempregado, ou subutilizado.