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O quarto sombrio
A casa da esquina da rua dos Alfaiates estava vazia há 50 anos. Os vizinhos a chamavam de “ a casa que respira”, pois nas noites mais úmidas as janelas tremiam sozinhas, como se a casa soltasse longos suspiros.. O mato crescia desordenado ao redor, sufocando os muros de pedra. Mesmo abandonada, a estranha casa parecia viva, e a espera..
Quando Lúcia, uma estudante de arquitetura, viu o anúncio decidiu alugar a casa por um preço quase simbólico. Racional, cética e apaixonada por estruturas antigas, ignorou os avisos da vizinhança
“ superstição de gente velha” pensava tranquilamente.
No primeiro dia na casa, tudo ocorreu bem, exceto por um detalhe.. Havia uma porta trancada no andar de cima, com uma fechadura antiga e sem a chave.
“ provavelmente um depósito “ disse a si mesma , anotando mentalmente chamar um chaveiro.
Mas naquela noite ao tentar dormir, ouviu passos e algo arranhando a porta trancada. Primeiro de forma suave, depois mais e mais forte, como unhas incrustadas em madeira seca.
Levantou da cama imediatamente e com a lanterna do celular acesa subiu até lá. O corredor parecia mais escuro do que antes, quando chegou diante da porta trancada , o som parou.. Só havia silêncio..
Lucia riu envergonhada de si mesma e voltou para seu quarto, convencida de que era apenas obra de sua imaginação. “ Uma casa velha faz barulhos” pensava anotando ser preciso fazer alguns reparos na casa.
Mas, durante sua segunda noite, foi acordada por um sussurro quase imperceptível “ Lúcia..”
Levantou em um pulo, suando frio. Olhou ao redor. Nenhum som. Ouviu o sussurro novamente “ Lucia.. Vem cá..”
A voz parecia vir do andar de cima.. E não era um sussurro qualquer.. Parecia a voz de sua mãe que havia falecido há 2 anos. Fraca , como se atravessasse a parede dos sonhos para chamá-la.
Lucia não conseguiu mais dormir e na manhã seguinte decidiu finalmente chamar um chaveiro.
O homem tentou de tudo para abrir a porta, mas a fechadura parecia.. Resistir..
“ nunca vi