Meu pai sustentava sozinho uma casa com seis pessoas (minha mãe, ele, irmão, irmão, irmã e eu) Ele era o provedor. Eu ainda era criança quando, em uma época difícil, ele quebrou financeiramente. Tínhamos um padrão de vida bem confortável, mas, de repente, tudo mudou. Foi um desespero. Eles passaram fome, eu não, pois ainda era a única criança da casa, tinha mais direito, mas meus irmãos, que já eram adolescentes, sofreram muito. Meus pais muitas vezes deixavam de comer para me dar comida. Quando havia almoço, às vezes não tínhamos jantar, quando só havia café ou pão seco, às vezes nem isso. Dormiam apenas com água na barriga.
Os familiares ajudavam, mas nada dura para sempre, e a comida acabava. Lembro de chorar, pedindo algo diferente pra comer… Em uma dessas vezes, vi meu pai ajoelhado no chão, chorando, no meio da rua, pedindo a Deus que todo aquele sofrimento passasse e que ele conseguisse se recuperar. E ele conseguiu. Graças a Deus, superamos aquela fase terrível.
Até hoje, meu pai continua ajudando: doa cestas básicas no Natal para os mais necessitados, e às vezes eu doo minhas roupas e sapatos. Minha mãe também faz isso. Ele disse que, quando morrer, devemos continuar com essa caridade.
Vi os dois lados da vida. Entendi que o dinheiro é importante, mas também entendi o quanto é fundamental ter a família unida.