Finalmente chegou o grande dia. Vou deixar esse curral a céu aberto, essa terra onde o povo acha que educação é "frescura", silêncio é "depressão" e respeito é "arrogância". Estou indo para um país civilizado. Um lugar onde o ônibus chega na hora, o motorista não escuta sertanejo no último volume, e ninguém acha que cuspir no chão é um direito constitucional.
Lá, as pessoas sabem usar o "por favor" e o "obrigado" sem parecerem estar pedindo perdão por existirem. Elas não gritam no telefone como se estivessem chamando boi. Elas lêem livros — sim, livros! E não acham que "cultura" é saber todas as falas do Zorra Total.
Estou prestes a entrar num universo onde os banheiros têm papel, as calçadas têm lógica, e os cidadãos não confundem opinião com grunhido. Um lugar onde o povo tem autoestima de verdade, não essa versão fajuta sustentada por samba, futebol e o meme do momento.
Enquanto os daqui se afogam em feijoada, corrupção e reality show, eu vou tomar café em cafeterias onde o garçom não cospe na sua cara com o olhar. Vou passear em ruas onde não tem um carro com o som ligado no volume “apocalipse auditivo”.
Se me perguntarem de onde venho, talvez eu diga apenas: "de um experimento social que não deu certo".
Adeus, Brasil. Estou indo para onde o povo é tão evoluído que, perto deles, eu sou praticamente selvagem — mas pelo menos um selvagem consciente.