"O Jogo do Enigma"
Existe um homem enigmático. Inteligente, de fala impecável, leitor voraz. Sem redes sociais, sem exposição. O único lugar em que você o vê é no supermercado, sempre o mesmo, comprando o essencial do dia. Simples. Reservado. Impossível não notar. Você tentaria algo? Puxar conversa aos poucos? Aproximar-se?
Sempre gostei do jogo:
-do "tentar".
Conhecer pessoas difíceis, fora das redes, é um prazer à parte. Há algo quase nobre em tentar se aproximar de alguém enigmático. Quando o mistério existe, o toque tem mais valor. Uma simples ficada com alguém assim parece outro nível de conquista.
Ao contrário disso, a maioria vive em busca de atenção. Postam, expõem, se alimentam de validação digital. Não me atrai. Nunca precisei postar uma foto para sentir que existo. Nunca precisei de carência disfarçada de socialização.
Há um contraste nítido: pessoas com postura realmente elevada, quase inacessíveis:
-você pouco ou nada sabe sobre elas.
Agora, alguém comum? É fácil encontrar rastros, histórias, ex-namorados, fofocas, opiniões alheias. Isso é precário.
A pior parte? Ver como certas pessoas se deixam consumir pela carência e pelos prazeres fáceis, até o ponto de virarem assunto vulgar de esquina.
Ser chamada de “puta” ou “vagabunda” não é só um insulto, é um reflexo de quanto se expôs em busca de algo que, talvez, nem valia tanto assim.
Não digo isso para julgar. Digo para provocar.
Alguns vão entender. Outros vão atacar.
Mas a verdade é essa, não precisa de aplausos.