12 de novembro de 1915.
Fui baleado na linha de frente e levado às pressas para o centro de internação militar. A dor era insuportável, mas nada me prepararia para o que realmente me marcaria naquele lugar.
Foi quando ela entrou pela porta. Cindy. Apenas 19 anos, enfermeira voluntária. Seu olhar cruzou o meu e, naquele instante, o mundo pareceu parar. Não foi só a beleza dela. Foi algo nos olhos, um tipo de calma em meio ao caos.
Eu não sabia se sairia vivo dali. Mas, de alguma forma, soube naquele instante que não morreria antes de amá-la. E foi o que fiz.
Nos dias seguintes, entre curativos e conversas sussurradas, nos conhecemos. E no dia 12... nós fizemos amor. Sem pressa, como se tentássemos parar o tempo. Como se soubéssemos que não haveria segunda vez.
No dia 13, antes mesmo do sol nascer, fui chamado de volta ao campo de batalha.
Casamos às pressas duas semanas antes, porque eu precisava chamá-la de minha, mesmo que por pouco tempo.
Nunca mais a vi.
Mas todas as noites, antes de dormir, ainda fecho os olhos e sinto seu perfume. Ainda escuto sua risada. Ainda me lembro da última vez que a toquei.
Sinto falta dela como quem sente falta de um pedaço do próprio corpo.