Eu entendo o sentido.

O que não entendo é o "posso até ter dinheiro, mas se

o homem não pagar tudo eu nem me dou ao trabalho de sair de casa". É uma mulher ir a um encontro com um homem sem estar reciprocamente interessada, tratar a gentileza e o cavalheirismo masculinos como uma obrigação, e recorrer a elementos personalíssimos para justificá-la, como os fatos de ela gastar com a própria roupa, a própria unha, cabelo e maquiagem — coisas que ela já faz diariamente, não para o homem, mas, antes de tudo, para si mesma, para as amigas, para postar em redes sociais. E por que não ressaltarmos o fato de que ela também já gasta normalmente com o próprio transporte e alimentação, para sair com amigas, ir a festas e baladas ou a quaisquer outros eventos? Parece-me, portanto, se o homem arca com os custos de um encontro, ainda é uma postura louvável e digna de reconhecimento, e não algo que se deva tratar como obrigação.

A isso muitas vezes respondem dizendo que se ela sai com o homem, é evidência suficiente de que ela está reciprocamente interessada. Pergunto, então: nosso valor é tão baixo, somos tão desprezíveis, é um fardo tão grande sair com um homem, que o mero fato de a mulher dividir com ele um pouco do seu tempo e atenção demanda que sejam presenteadas com incenso, ouro e mirra, e que sejam tratadas como realeza?

"Ora, se ele não o fizer, outros estarão dispostos a fazerem-no". Bem, se o quanto um homem está disposto a despender com uma mulher é um critério tão importante a ponto de anular quaisquer outros critérios e torná-lo substituível por outro que esteja mais disposto, então que interesse recíproco é esse, que no primeiro "não" é "tchau e bênção", em vez de centrar-se nas qualidades do sujeito?

Toda essa visão pressupõe que sair com um homem é algo sem benefício, apenas um custo, um prejuízo para a mulher.