Eu fui e ainda sou, autodidata em história, aprendi muito mais sozinha do que no colégio, aliás muitas coisa do que eu sei, aprendi fora da sala de aula.
Praticamente de tudo.
Ainda criança aprendi que a escola não era lugar para aprender, menos ainda
para fazer descobertas, conhecer o mundo ou a verdade, mas um lugar para memorizar discursos para posteriormente reproduzi-los em provas escolares ou recitá-los diante de adultos para se sentirem orgulhosos de uma criança "estudiosa". Tive professores grosseiros e ignorantes, que se achavam o supra-sumo do conhecimento por simplesmente encontrarem-se em uma posição de autoridade. Uma professora de geografia que, em uma aula acerca do "iminente" esgotamento dos recursos hídricos (especificamente da água potável), questionei sobre a possibilidade de separar-se o sal da água, ao que ela, certamente incomodada por alunos fazerem perguntas, respondeu arrogantemente: "Isso até poderia existir, mas não viaja, não existe, né, duhh". Ela não ouvira falar do processo de dessalinização da água.
Professores de história que simplesmente reproduziram a propaganda iluminista contra a Idade Média, retratando-a como um período de obscurantismo, estagnação política, econômica e, principalmente, científica. Talvez por nos enxergarem como incapazes, nunca sequer preocuparam-se em explicar as contradições mais evidentes do discurso acadêmico hegemônico: por exemplo, fato de grande parte das teorias (que ainda hoje os neoateus reproduzem como sendo científicas) terem sido concebidas por religiosos, a exemplo da Teoria do Big Bang, proposta pelo padre Georges Lemaître. Ignoraram o fato de que as descobertas astronômicas de povos pagãos foram preservadas pelas instituições medievais, e é em grande parte graças a elas que temos acesso a esse conhecimento hoje. Aliás, mais de 30 crateras lunares foram nomeadas em homenagem a astrônomos jesuítas.
Enfim, em que pese o esforço da educação tradicional em destruir a curiosidade e a iniciativa do aluno, tornando-o alguém passivo, posso dizer orgulhosamente que sobrevivi, graças à minha persistência na busca pela verdade e minha autoformação.