Você é ou foi autodidata em alguma coisa?

Eu fui e ainda sou, autodidata em história, aprendi muito mais sozinha do que no colégio, aliás muitas coisa do que eu sei, aprendi fora da sala de aula.
05/11/2025 21h12

Praticamente de tudo.

Ainda criança aprendi que a escola não era lugar para aprender, menos ainda

para fazer descobertas, conhecer o mundo ou a verdade, mas um lugar para memorizar discursos para posteriormente reproduzi-los em provas escolares ou recitá-los diante de adultos para se sentirem orgulhosos de uma criança "estudiosa".

Tive professores grosseiros e ignorantes, que se achavam o supra-sumo do conhecimento por simplesmente encontrarem-se em uma posição de autoridade. Uma professora de geografia que, em uma aula acerca do "iminente" esgotamento dos recursos hídricos (especificamente da água potável), questionei sobre a possibilidade de separar-se o sal da água, ao que ela, certamente incomodada por alunos fazerem perguntas, respondeu arrogantemente: "Isso até poderia existir, mas não viaja, não existe, né, duhh". Ela não ouvira falar do processo de dessalinização da água.

Professores de história que simplesmente reproduziram a propaganda iluminista contra a Idade Média, retratando-a como um período de obscurantismo, estagnação política, econômica e, principalmente, científica. Talvez por nos enxergarem como incapazes, nunca sequer preocuparam-se em explicar as contradições mais evidentes do discurso acadêmico hegemônico: por exemplo, fato de grande parte das teorias (que ainda hoje os neoateus reproduzem como sendo científicas) terem sido concebidas por religiosos, a exemplo da Teoria do Big Bang, proposta pelo padre Georges Lemaître. Ignoraram o fato de que as descobertas astronômicas de povos pagãos foram preservadas pelas instituições medievais, e é em grande parte graças a elas que temos acesso a esse conhecimento hoje. Aliás, mais de 30 crateras lunares foram nomeadas em homenagem a astrônomos jesuítas.

Enfim, em que pese o esforço da educação tradicional em destruir a curiosidade e a iniciativa do aluno, tornando-o alguém passivo, posso dizer orgulhosamente que sobrevivi, graças à minha persistência na busca pela verdade e minha autoformação.