A falta de recursos e investimentos é algo pequeno comparado aos outros problemas do Brasil.

Antes,

deve-se perguntar por que razão o Brasil não atrai investimentos; as razões são diversas, desde uma política monetária e fiscal historicamente criminosa, mas, mormente, a insegurança jurídica, que reflete a tradição brasileira de punir o empregador com elevados encargos e responsabilidades.

Aqui, se alguém decide de bom grado doar alimentos próximos da data de vencimento, por exemplo, e alguém os consome, e passa mal, o estado rapidamente pune o doador. Se um ator particular decide asfaltar uma estrada de terra, e porventura um buraco se abre no chão levando um motorista a acidentar-se, os jornais correm para culpar quem desembolsou do próprio dinheiro para asfaltar a estrada.

No Brasil inculcou-se essa cultura de que ou se faz tudo exatamente conforme gostariam que fosse feito (transferindo ao doador de alimentos toda responsabilidade pela segurança alimentar dos famintos, ao asfaltador da estrada toda responsabilidade pela segurança dos transeuntes, e assim sucessivamente), ou não se faz. É por isso, aliás, que os serviços públicos são reputados pela notável burocracia. Ora, se determinado procedimento não está definido claramente em lei, então é automaticamente proibido, para que se evite responsabilizar quem o venha a permitir caso não produza os efeitos esperados. É o SUS recusando exames que tenham sido realizados por via particular, e exigindo do paciente em urgência que aguarde pacientemente a fila da regulação para realizar o mesmo exame pelo serviço público, por exemplo.

Esse país, enfim, está em maus lençóis.