Hoje voltando pra casa vi uma cena que mexeu comigo: um velho solitário com um olhar sem esperança sentando num banco da praça. A noite gélida e a neblina como plano de fundo deixou o cenário ainda mais dramático.
Não sei ao certo nada sobre a vida daquela pessoa, mas fazendo uma presunção, ele é solteiro, sem filhos e sem amigos.
Duma forma ou de outra, me vi naquele senhor. Foi como ver o futuro me encarando.
Não sei ao certo nada sobre a vida daquela pessoa, mas fazendo uma presunção, ele é solteiro, sem filhos e sem amigos.
Duma forma ou de outra, me vi naquele senhor. Foi como ver o futuro me encarando.
"Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta.
Não se via ou
ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa.Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo."
Me lembrou esse poema de Manoel de Barros. Acabar sozinho é inevitável, nascemos assim e vamos morrer sozinho. O caixão cabe somente uma pessoa... mas enquanto estiver vivo, você sempre acompanhará a si próprio - ou a sua própria câmera, tal como a de Barros.