anônimo
anônimo
16/05/2025 14h38

Sim, uma professora de português.

Ela era uma evangélica durona, bem séria. Todo mundo tinha um

certo medo dela. Nas aulas, todo mundo ficava em silêncio, até os alunos mais bagunceiros.

O problema é que eu era sempre a "preferência" dela para tudo. Quando precisava de alguém para ler em voz alta, adivinha quem ela escolhia primeiro? Eu. Se eu errasse qualquer coisa, ela corrigia na frente de todo mundo. Eu não gostava dela justamente por isso; aquele destaque que ela me dava era horrível, até pq eu era muito tímido e envergonhado.

O primeiro livro que li foi por causa dela. Pelo menos duas vezes por ano, ela pedia um trabalho: ler um livro, fazer um resumo e apresentar para a turma. Para alguém extremamente tímido como eu, aquilo era uma tortura, mas eu fazia, não tinha para onde correr msm.

Eu faltava bastante às aulas. Lembro que, no dia de escolher os livros, eu faltei. Uma colega escolheu por mim. E, claro, ela pegou o maior livro da biblioteca. Parecia uma bíblia.

Essa professora pegava muito no meu pé, mas anos depois entendi o porquê.

Uma vez, no fim do ano, descobri que vários amigos meus ficaram de recuperação na matéria dela, mas eu não. Estavam todos reclamando dela, e eu cheguei lá para aumentar, né: "Nossa, ainda bem que não fiquei de recuperação, porque essa aí é chata mesmo."

Aí um dos meus amigos disse algo como: "Cala a boca, cara. Ela nem te deixou de recuperação, passa a aula falando bem de você."

Até aquele momento, eu achava que ela me odiava, kkk.

Com o tempo, percebi que ela pegava no meu pé porque enxergava algum potencial em mim. Achava que eu podia entregar mais. Ela não fazia isso com outros alunos que eram até piores, certamente pq não acreditava muito neles.

Em todas as outras matérias, eu era um completo vagabundo, mas na aula dela, eu prestava atenção e até fazia os trabalhos.

Ela era a versão feminina daquele professor de matemática do "Todo Mundo Odeia o Chris".