Cheguei aos 30 e ainda não sei o que estou fazendo

Talvez essa seja uma das piores crises existenciais que já tive. Eu cheguei na conclusão que nunca soube o que estive fazendo com minha vida até hoje no sentido profissional, amoroso, relacionamentos com amigos etc. Primeiro que desde sempre me senti um ET, e ser introvertida só me faz interiorizar as coisas do que colocar pra fora. Não sou boa em relações em geral, sempre me isolo, amizades são poucas e não tenho amigos de sair para algum lugar. Eu ser na minha nunca tinha me incomodado, mas comecei a ter medo do futuro. De morrer só, sem ninguém. Comecei a me desesperar de passar necessidades financeiras quando ficasse velha, comecei pagar minha previdência social pra pelo menos me aposentar. Me formei num curso que não sou feliz e a maior coisa que quero fazer é mudar de área, mas nem dinheiro tenho. Vivi minha vida dependente demais dos meus pais e agora que finalmente me sustento, estou sem rumo. Desculpem o desabafo. A única coisa que me consola é que uma hora irei morrer (não que eu queira isso, nunca tive pensamento suicida), mas pensar que uma hora tudo isso vai cessar, me consola
anônima
anônima
24/04/2025 23h58

Fala assim porque ainda não conheceu o Alberto "Albert Camus" e a morte como motivo

para viver intensamente. Me lembro que Camus argumentava que diante de um universo indiferente e sem sentido intrínseco, reconhecer o absurdo da condição humana não deve levar ao desespero, mas sim à revolta – ou seja, viver intensamente apesar da inevitabilidade da morte e também Schopenhauer (que via a vida como sofrimento) e Heidegger (que falava da "angústia" perante a finitude), também abordaram a morte como um motivador para a autenticidade. Já Nietzsche defendia que o amor fati ("amor ao destino") inclui aceitar a morte como parte de uma vida plena. Então se a morte é o que dá urgência e valor à vida, então a sua consolação pode ser paradoxalmente libertadora. Como diria Camus, imaginar Sísifo feliz enquanto empurra sua pedra é a forma de superar o absurdo. Eu também penso nela todas as noites.