Imagino que sim.

A primeira vez que gostei de alguém na vida, fiquei com medo do

sentimento e entrei em negação. Me dirigi até a pessoa e disse que não gostava dela da mesma forma que ela aparentava gostar de mim. Recebi um "você está equivocada" de volta e passei a ser tratada com desprezo. Senti uma enorme culpa na época, fiquei no fundo do poço. Foi a gota d'água para desencadear um início de depressão, pois já me sentia estranha há meses por outras razões. O gatilho que faltava para me deixar dias e dias sem vontade de sair da cama. Passei a faltar semanas seguidas na escola e, quando cruzava com essa pessoa, me sentia o pior ser humano da face da Terra. Foi péssimo!

Hoje, passados dez anos desde que essa situação aconteceu, mais madura e com mais experiência, eu diria para a minha eu do passado:

- Você já tentou se reconciliar o suficiente com essa pessoa. Não há mais o que ser feito. Insistir só vai piorar seu quadro de tristeza, e quanto mais triste você estiver, mais perigoso será se perder nesse limbo e mais difícil será sair dele. Então, não alimente mais essa angústia e não tente se humilhar ainda mais. A pessoa já entendeu que você se arrependeu e, mesmo assim, não quer manter contato. É direito dela. Respeite-se e também ao outro;

- Busque fazer novas atividades. Pode ser um curso de idiomas, uma aula de yoga, crochê, voluntariado... qualquer coisa que te faça ter contato com outras pessoas ou mais contato consigo mesma, para perceber novamente o quão incrível e bondosa você é. Você não é essa pessoa horrível que a autoculpa quer fazer parecer. Você é amável;

- Lide com o fato de que você não irá agradar a todo mundo. Durante a vida, pessoas poderão e irão ficar chateadas com você, e não é seu papel ceder às expectativas alheias apenas para não desagradar. Respeite-se em primeiro lugar. E, mais uma vez, você não é horrível;

- Pelo menos enquanto essa ferida estiver aberta, evite, se possível, ter contato com essa pessoa. É autopreservação.